quarta-feira, 7 de abril de 2010

Recordar anos 60 70 80 e 90 é viver: Seriado o Homem do fundo do mar

Recordar anos 60 70 80 e 90 é viver: Seriado o Homem do fundo do mar

O Homem do Fundo do Mar (no original, The Man From Atlantis) estreou na telinha em 1977 com muitas expectativas. Mas sua trajetória seria muito curta, durando apenas uma temporada.Na verdade, O Homem do Fundo do Mar surgiu de um projeto fracassado da rede NBC de adaptar para a TV, as aventuras do Príncipe Namor, famoso personagem da Marvel Comics. A idéia não vingou porque o pessoal da NBC não queria encarar uma briga com Gene Roddenberry que, anos antes, durante a produção de Star Trek, se desentendeu com a Marvel, que dizia que o Sr. Spock tinha muita semelhança física com Namor. Querendo evitar outra confusão a NBC, optou por elaborar outro projeto e aí surge O Homem do Fundo do Mar.Curiosamente, um dos responsáveis pela idealização da série, o escritor Herbert F. Solow, colaborou com Star Trek. Solow e Mayo Simon criaram para O Homem do Fundo do Mar um universo ficcional mais próximo da nossa realidade. A NBC ficou satisfeita com o conceito geral da série e foi produzido um piloto que estreou com uma audiência razoável. Estranhamente, a emissora decidiu produzir mais três filmes-piloto, uma prática pouco comum na TV americana, pois geralmente só é produzido um único piloto de 90 minutos.A série começa quando um homem é encontrado inconsciente na praia. Levado para um hospital, descobrem que não se trata de uma simples vítima de afogamento. A doutora e bióloga marinha Elizabeth Merril é chamada para investigar o caso e descobre que o homem, na verdade, é uma espécie de anfíbio humano. Impressionada com a descoberta e disposta a ajudar seu novo amigo, a doutora Merril decide levá-lo para a Fundação Científica para qual trabalha. Lá ela descobre que o homem, já consciente, não se lembra quem realmente é, assim ganhando da doutora Merril, o nome Mark Harris.As habilidades marinhas de Mark chamam a atenção de todos na Fundação. Merril acha que Mark é provavelmente um dos últimos sobreviventes da lendária Atlântida. A partir daí, ele passa a viver suas aventuras junto com a doutora Merril e o pessoal da Fundação, sempre investigando os mistérios e os perigos relacionados aos oceanos.Apesar desse "plot" simples, a série ganhou mais algumas características na tentativa de enriquece-la. Assim surgiu o Cetáceo, um submarino de pesquisas que Harris e seu pessoal utilizam em suas missões. Os roteiristas da série decidiram que Harris deveria ter um inimigo em potencial. Assim surge, já no primeiro episódio piloto, o Sr. Schubert, um cientista que deseja dominar os oceanos da Terra.Com todos esses ingredientes, O Homem do Fundo do Mar não conseguiu se tornar um grande sucesso. O grande problema da série eram os roteiros, que não conseguiam explorar com mais afinco os elementos mais "Sci-Fi" que deveriam ser a tônica do seriado. Outro ponto fraco da série era o ator Patrick Duffy, que interpretava Mark Harris. Ficava muito evidente que ele não tinha grandes recursos dramáticos o que impossibilitava explorar mais as dificuldades de Harris em viver em um ambiente que não é o seu. As limitações de Duffy ficavam mais evidentes quando Harris enfrentava o vilão Sr. Schubert, interpretado por Victor Buono. Apesar de Schubert não ser propriamente um vilão espetacular, graças ao talento de Buono, se tornou o personagem mais marcante da série, diante da falta de carisma dos outros personagens.Depois de ter sido cancelada, a série conseguiu fazer um sucesso inesperado no exterior. O Homem do Fundo do Mar foi o primeiro programa ocidental a fazer sucesso na China (não... não foi A Escrava Isaura, como a Globo tenta nos fazer crer). No Brasil chegou até mesmo a gerar uma revista em quadrinhos e um álbum de figurinhas. A série era exibida aqui pela Rede Globo nas suas tardes de domingo, com boa audiência. Depois chegou a integrar a programação da extinta TV Manchete nos anos 80 e nunca mais foi exibida.